Mora num 5º andar duma dessas avenidas novas. Nunca entrei. Peço ao porteiro que o chame. Não gosto que me vá buscar. Eu vou não me custa nada diz-me por vezes mas não. Não posso deixar que me veja no meu mundo onde sou só eu. Só um momento, o sr. desce já. Agradeço e distraio-me a olhar um da Vinci. Uma imitação é certo e um pouco antiga mas... Olá. Beijamo-nos. Não é um beijo de amor, é um simples cumprimento como que uma convenção. Saímos passeámos conversámos... pouco. Eu conversei mas não com ele, conversei com aquilo que conheço e o que conheço é o que me envolve e nada mais para além disso e as pessoas não me envolvem, talvez uma, não! Deixaram de envolver. Não gosto delas e assim desculpo o não gostarem de mim ou compreenderem-me que vai dar ao mesmo . Não suporto viver com elas. Quanto a ele. Olho-o. É lindo na beleza dos Humanos e para mim? É humano e não há perfeição nisso e se não há perfeição onde encontramos a beleza? Vamos, é tarde e então oferece-se para me vir pôr a casa. Recuso. Talvez seja belo. Beijo-o na testa para o fazer perceber que percebo o ele não conseguir perceber. Chego a casa ainda com uma lágrima no olho. Desligo o telefone e penso nele. Talvez ligue. Não quero. É melhor assim. Fecho-me no quarto que me envolve e adormeço. Eu.

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