espero.te
A agonia que me corrói é superior aquela que sei conseguir aguentar, vivo no entanto. Vivo? Dói-me a alma, dói-me a razão, dói-me o coração. Sinto pequenas lâminas dilacerarem-me aos poucos e separarem-me de mim. Sinto-me num caminho sem retorno, estou só, especada, revolto-me sem o dizer. Saí de casa de manhã cedo. Tinha aulas, estudava? Talvez! Estava sol, não havia aquele frio que me faz falta nem o mínimo sinal de nevoeiro próximo. Triste mas nunca cabisbaixa, que é a maneira de nos mostrarmos fortes e de o sermos para nós mesmos, segui o meu caminho habitual. Encontrei-o. Estava ainda com ar de sono e talvez cansado. Beijei-o na face esquerda sorri-lhe e segui. Deve ter estranhado esta atitude mas não podia mais estar com ele ou com outro alguém. Vi mais uma amiga. Olá e até logo. Dois conhecidos que cumprimentei com um gesto de cabeça sem parar. Não se pode nunca parar. Parar é morrer. Sinto-me estática! Perguntam-me as horas Não tenho sempre sem parar. Chego a casa. Abro um livro. Devoro-o. Passam-se as horas. Tocou o telefone não estou. Não quero ninguém não mereço ninguém que é a melhor maneira de aceitarmos não sermos aceites e deito-me, sonho, sonho muito. Não durmo. Sonho! Ouço Vivaldi ou será Bach? Pearl Jam, The Cure, não há cura e durmo e sonho. Está frio. E amo o frio só o frio e a agonia dissipa-se e sinto-me leve livre só sempre assim tinha sido. Tudo pára e sonho. Arrefeço devagarinho. E tudo pára e ouço não vás ou queria ouvir. Enfim descanso. Adeus.